Minha experiência com Bordado Livre

Nos meses em que estive um pouco longe aqui do blog, aprendi a técnica de bordado livre. Não foi meu primeiro contato com bordado. Meu primeiro contato aconteceu em uma oficina de confecção de cadernos artesanais na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Nessa oficina fizemos pequenos cadernos à mão, e bordamos a capa, não em tecido, mas no papel. Aprendi alguns conceitos básicos: sobre as linhas, agulhas, como começar, como arrematar e o ponto atrás.

Com esse conhecimento adquirido, meses mais tarde comprei um bastidor e tecido, e resolvi me aventurar no bordado de novo. Não gostei. Achei chato e demorado, e minha mão doía demais. Esse ano resolvi me aventurar mais uma vez, bordando um desenho que eu queria muito colocar na minha parede. Tomei gosto pela coisa, e agora estou fazendo um bordado atrás do outro, revezando entre bordado e crochê. Resolvi escrever esse post pra contar um pouco da minha experiência com essa técnica e mostrar alguns bordados que fiz (que vocês também podem ver no Instagram Fios de Poesia).

Bordado América Latina Invertida

Meu primeiro-segundo (na verdade terceiro) bordado foi esse, a América Latina invertida. Essa obra, chamada "América Invertida" foi feita pelo artista hispano-uruguaio Joaquín Torres García e representa uma crítica ao imperialismo do norte global, em que nosso sul aponta para o norte, valorizando o que é nosso e reafirmando nossa posição no mundo.

Foi em meados de 2018 que tive o primeiro contato com essa arte, e desde então sou apaixonada por ela. Me lembra do porquê lutar, do lugar que ocupamos no mundo e todo o potencial que temos nas nossas terras do Sul. Vi uma versão dessa arte pintada à mão em uma ecobag, e assim tive a ideia do bordado. Não foi difícil. Imprimi a arte e passei para o tecido com papel carbono (técnica que já não uso mais), depois bordei por cima com linha preta, intercalando locais com dois, quatro e seis fios. Fiquei muito satisfeita com o resultado.

Bordado Coração com Flores

Já meu segundo bordado foi esse coração, com um risco que peguei em uma indicação no Twitter. Aprendi muito com ele, e aproveitei para me arriscar com outros pontos como o ponto folha e o haste. Nesse bordado ainda utilizei o papel carbono para transferir o risco, mas foi com ele que descobri que o carbono não apaga do tecido. Tive que fazer um trabalho meticuloso de cobrir o risco perfeitamente, ou ele ficaria aparecendo por baixo dos pontos. Não foi fácil, mas gostei do resultado, saiu bem melhor que o esperado.

Bordado Luffy (One Piece)

Já falei que sou apaixonada pelo anime One Piece, inclusive na receita do Chapéu de Palha, então é claro que eu ia fazer uma fanart do Luffy assim que possível. A ideia veio de um bordado que vi no Pinterest que era um quadrinho de mangá. Foi assim que percebi que as possibilidades com o bordado livre são infinitas.

Aqui eu ainda usei papel carbono, pela última vez, porque foi realmente muito difícil transferir o risco pro tecido. Errei uma vez e ficou marcado. Precisei usar o verso do tecido. Como o bordado era para mim mesma não me importei, mas percebi que precisava de uma técnica melhor para fazer isso e corri atrás de pesquisar. Mesmo assim foi uma experiência bacana, aproveitei para testar quantidades diferentes de linhas e pontos diferentes, o que me ajudou a criar textura e profundida. No olho, por exemplo, usei 3 fios, enquanto no contorno do rosto e do corpo usei apenas 1, evitando criar confusão entre uma linha e outra. Até então eu queria trocar as meadas por um fio único, mas percebi que com as meadas tenho mais possibilidades na hora de criar.

Bordado Mão Segurando uma Rosa

Esse risco eu peguei no DMC Patterns, e para mim demonstra que saí do nível "aprendendo" para iniciante. Gostei da possibilidade de brincar com pontos e cores, e vi o quanto deve ser difícil fazer a tal pintura de agulha: tive muita dificuldade para fazer esses detalhes em azul, que estão em volta da flor. Gostei de finalmente fazer o nó francês e percebi que nem sempre o ponto atrás vai ficar legal em linhas retas, às vezes é mais interessante fazer um ponto bem longo.

Outro ponto importante é que nesse bordado eu comecei a usar a caneta fantasminha, uma caneta que apaga com calor. Claro que a caneta fantasminha trouxe outras demandas, então estou improvisando uma mesa de luz. A ideia é ir melhorando esses recursos com o tempo.

Esse bordado eu também fotografei o verso porque gostei muito dele, mas preciso dizer que não sou adepta do "verso perfeito". Faço os pontos do jeito que for mais prático e já tive bordados que cobri o verso com feltro. O importante para mim é a dedicação com o desenho.

Por enquanto esses são os bordados que tenho para mostrar. Já fiz mais alguns e tenho outro em processo, mas ainda não fotografei e acredito que o post ficaria muito grande se fosse mostrado agora. Estou gostando muito da técnica e inclusive já fiz alguns por encomenda, então é bastante provável que eu continue falando sobre isso por aqui, vocês gostariam de ver seleções de riscos para bordados ou resenhas de materiais? Adoraria escrever sobre isso também 💜

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Até a próxima e bons crochês bordados!